domingo, 14 de fevereiro de 2010

BBSS21012010

A Camile Claudel

brasília tem um jeito assim de amar demais, de cozinhar a mais e fazer amor demais. escultural: mãos de morar. e mistura pimenta com rapadura, pizza com tapioca e garapa com pastel. brasília dança, há tempos, demasiada e compassiva, ela: zaratustra o novo milênio e faz propostas indecentes. dançamos nos fixos das catedrais eu meus pais e os animais. brindamos as girafas de outros carnavais, os hipopótamos de nossos avôs espirituais. somos todos canibais... brasília, só ela, não acha nada demais. e persigo caliandras voando soltas livres e sonsas pelas marginais. eu olho, eu paro, eu rezo um tango argentino. explico a vida para brasília que nunca explica nada. espio os homens: somos todos uns calangos. avoados avoados. respiro as mulheres: zebrinhas. belas belas. espio os anjos, estes arquitetos do nada, nas sacadas comerciais. eles elos. então, neste sol a pino, neste portocalvo, nesta poça que reflete roxa o belo da sicupira departe: prédio em parte e risco de piloti. essa total explicação da vida se refaz numa poça de janeiro. brasília janeira. acho: tudo é pretexto para um dia em construção. tudo é pretérito de tão perfeição. a casa da árvore nega, nexo singular do espelho deitado, porque tudo se revelou perante a pesquisa ardente do homem que caminha pelo eixão saudando carros velozes, vácuos coralinos engarrafamentos exatos. sabe brasília, esta época traduz uma convergência entre objetividade e subjetividade e uma negação otimista de tudo aquilo que é. humano urbano mundano – dormir.

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