domingo, 14 de fevereiro de 2010

BSBS12012010

A Gylberto Freyre, estas raízes de brasília

meu corpo é o corpo da cidade. sou mesmo um abaporu exilado e bêbedo. onço pintado que migrou para reinventar suvacos de asa. um sem-raça, de etnia satélite e desterrada. somos eu a e cidade uns mocambos. e diversas casas, tão grandes, alheias, não espiam nada. números elevadores levam, elevam, rebaixam e aterrissam. chão: meus olhos marrons estranhos vem acompanhados da boca. meus marrons se fixam nas mãos e enxergo o cotidiano sete vezes sete facetado. e um colóquio em câmara têxtil se enreda aonde as esquinas não tem curvas. as rosas, no mês de junho, matéria de um bilhete para o velho braga. ali, onde a mulher não tem sorte e perdeu seu amor, tem mais dor que esfera, tem mais samba que concreto, tem mais guerra que beirute. todos os dias sinto muito e como em roma. saudade de brasília e leio: baudelaire, leio o corpo da mulher, a brisa cabralina que enjoa do paranoá – é. tudo metáfora naquelas velas concretas: feliz aniversário clandestino. e a matéria de uma realidade sentimental renovada pelo concreto deságua no azulejo, na pedra portuguesa com rima e poemas nas pegadas w3. essa escrita que se tece enredando fios e fragmentos do cotidiano, cansa retinas, ofusca narinas, espera ônibus que nunca vem nunca vem nunca vem que já passou. estas retinas, tão pequeninas, apesar de tão fatigadas pelas luzes modernas, percebem que a força divina das curvas barrocas, das luas loucas, das nuas roucas jáévem jáévem jávém – demorot. ay, neste corpo tão futuro e tão estranho: resíduo.

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