segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

SQNN01012010

A João Cabral

eu sou o abaporu. sujeitinho esquisito cruzando a faixa para visitar a catedral. eu queria era falar com joão do santo cristo, o josé-de-agora. mas os olhos da alma de brasília revelam uma janela aberta quando saio da rodoviária: meu deus que cidade é esta? e meu olhar caminhante procura a poesia concreta, uma poesia de uma cidadezinha qualquer, porque meus olhos são de uma cidadezinha qualquer. passo por uma faixa. uma rua tumultuada das dezenove horas. lá nasceu a rosa do povo, a flor do cerrado, o antipecado, o verso calado. nesta cidade de mais de quatro milhões de habitantes eu me pergunto como. andar, sentir, olhar. estas avenidas, de aparência neutra, de impressão fria do frio da imensidão – imensidões de um céu maior que nem sei, um sol maior que nem sol, uma avenida com a sombra imensa das torres gêmeas. frio quem? meus olhos teimam e pecadores que são procuram a palavra perfeita para dizer tudo que meu coração cala, tudo aquilo que meu corpo exala. menino e andante, sozinho na multidão, meu olho olha o meu coração e o meu coração dispara e atravessa a faixa de mais de quatro mil listras. listas de passos, nos espaços onde não são listas, passos aonde as pessoas não tem nome. mas no meio da faixa eu paro e meu coração dispara e, por um momento, a cidade inteira para. repara: porque meu corpo meus olhos meu coração deitou na faixa atrapalhando o tráfego, rompendo a multidão.

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