quinta-feira, 9 de outubro de 2008

BRASÍLIAS INVISÍVEIS XXIV

Brasília é uma réplica de si mesma. Se multiplica para se esquecer e olvida tanto que todo dia ela se abre em flor no pátio central do planalto planejado. No tempo do nunca, mundo aqui era grotesco: esculturas-galhas dinossáuricas, retorcidas, pesadas, escuras, turvas, opressas, como se queimadas pelas eras. O concreto de Brasília é o magma? Seu chão conta histórias de jagunços, lutas sangrentas, julgamentos noites adentro e de cegos que nada guiavam. O solo de Brasília é o cavaquinho com suas notas curvas, retorcidas, motivadas e delineadas pelas linhas de ferro que fazem curvas inimagináveis. Retorcem-se ugolinas, cerradas, magmas para serem admiradas. Larvas leves, estatuadas. Estátuas intactas, vesperamente empoeiradas, como se admiradas pelas eras, pelos éteres, pelas musas da canção. Brasília duplicada: via de mão única para o centro solar e vulcânico de si mesma: pragmática, magmática, niemática.

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