quinta-feira, 25 de setembro de 2008

BRASÍLIAS INVISÍVEIS C

O livro de carne: te odeio Brasília! Minha maior declaração de amor: La belle de jour flanando pelo açougue... Chuleta traduz os cantos de la esplanalta oval. Músculos traduzem as formas daqueles que nasceram depois da invenção. O sangue é a tinta do sambatranse e suas performances e ossos e couros e cóx e carne. Corações sangrando, moelas correndo, peitos deitando, coxas se abrindo feito mar. O amor é o maior bem imóvel. O táxi passou tarde e rumaram para a via central. Bares de beirute, lemas de janeiro, rios de prata, ondas de ar, sambas de odeon. Brasília é uma lua de mel com abelhas por todos os lados: ilha da alegria. Te odeio Brasília por tudo que é sagrado, pelos bois mortos, pelo garrote cerradeiro. E quando saio de Brasília vou para outra cidade: paro em Brasília. E quando fujo de Brasília, só encontro uma saída: o samba. E quando amo uma mulher: Brasília. E quando durmo estátuas e cobres e paredes pintadas: passagens do apocalipse, letras de choros, mantras pós-modernos. As paredes do labirinto são ovais. As paredes do labirinto são museus. Os museus vendem patinhos, galinhas, codornas, costelas, cornijas, vitrais, cruzes, credos, catedrais. As bibliotecas vendem pirulitos com chiclete, chiclete com banana, banana com canela, canela com mel, mel com açafrão, amarelo com verde, verde com azul, azul com branco: a mulher do fim do mundo é o fim do mundo. O fim do mundo é uma fronteira quadrada para todos os lados: a geometria é a melhor tradução. O jantar está servido: carne de Minotauro?

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