domingo, 28 de setembro de 2008

BRASÍLIAS INVISÍVEIS XIV

Escavaram a capital federal. Encontraram computadores da última geração e um mimeógrafo. Incrustado: um poema à margem do lago. O poema tinha musgo, restos de pranchas de windíos-surf, partes de álcoois rimbaudiano, sombras de gases subversivos, escombros de ondas e odes monologais e manchas de mãos de crianças que fizeram provas-de-estencil. Qual foi a bíblio-sentença? Plano Pilatos julgou e absolveu o poeta: deixa Deus achando... deixa Deus achar. O poeta no palco central lutava com palavras, golpeava com adegas e nadegas e tirava pó-de-concreto do nariz. Nos hieróglifos de papel ao maço havia um mapa. Nele, a rota do homo brasiliensis: vieram navegando procurando o umbigo do mundo. Passarem pelo estreito de Nicolas-Behring e viram a selva. Passearam pelo planeta central, o eixo mono-mental e brincaram de roda com os anjos tortos da catedral. Depois decidiram descansar e inventaram Beirute: a capital de Brasília. Lá, beberam iogurte com cerrado e comeram farinha com laranjas seletas em honra dos lares e penates. Naquela época o poeta foi herói, hoje, limpa as lentes camaradas dos óculos diante dos spots, spocks e holofotes, descansará em paz e será de pedra sua estátua de sal. Havia uma anotação meio apagada na tela mal ligada do computador: anotações de um poeta marginal-norte – linhas de época de uma tragédia-cômica-épica de uma pista do futuro: Brasíliada.

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