quinta-feira, 18 de setembro de 2008

BRASÍLIAS INVISÍVEIS IV

Relógiobelisco: blind. Em Brasília dezessete horas. Brasília é DF? Blind. As moças estudantes com o nome mais bonito, as outras, que abortam a vida, com nomes de fantasia. Blind. O doidim e seu cão falante remexendo lixeiras – inseparáveis. Blind. Os velhos vendendo dimdim. Blind blind blind. O engraxate sempre cabisbaixo olhando pés. Blind. Um pastel e um suco: um real. O de maracujá é sempre o mais pedido. Blind. Camisas de time passam: amarela, verde, grená-verde-branco: blind... O relógio sempre cabisbaixo: blind blind blind. Relógio déco? Cheira a déco, mas não se assume. À sombra do modernismo, absurdamente, no centro de um satélite ele é relógio, obelisco, imortal. Minha memória é déco. Ameaça de chuva fora de hora. Os olhos passantes secos: blind blind blind. Brasília Blind?
(Praça do relógio, Taguatinga, 17 setembro)

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