sábado, 20 de setembro de 2008
BRASÍLIAS INVISÍVEIS VIII
Os livros esperam ônibus em Brasília. Eu esperava o ônibus. Li um livro. O ônibus não esperou. Perdi o ônibus, mas não perdi o final. Brasília é uma piada sem final. Há pessoas em Brasília que não sabem dirigir. Eu não sei dirigir, mas sei ler. Leio no metrô, leio w3-l4-SQN, leio os seres da rodoviária. As pessoas-satélites estão no centro. São satélites que giram para o centro e depois entornam. A trajetória de um ser-satélite é sempre abandonar Brasília e voltar todos os dias. Passar pelas asas, girar – obrigação de satélite, seguir a mesma rota todos os dias. Em Brasília nunca é domingo. Domingo satélite não vaga. Brasília é a cidade mais antiga do mundo. As pilastras, os aquedutos, os estádios estão todos ali sob os escombros das tesourinhas, das pontes moventes e dos pilotis. Às vezes leio Brasília nos pontos de ônibus e me perco. Abano a mão e alguém me leva pra fora de mim. Desço de mim e reconheço Brasília. Nesta cidade me perco todos os dias...
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