sexta-feira, 19 de setembro de 2008

BRASÍLIAS INVISÍVEIS VII

Em Brasília nunca falta luz. Dia e noite: luz. Ela se acende todos os dias e se refaz na calada do sol. O resto é sombra e saudade da chuva. Brasília nunca foi deserta. Aqui morava meu avô. Perto de onde o planalto do pacto. Um dia choveu, mas choveu tanto que nasceu um lago. Depois parou de chover. Todo ano para de chover: mas o lago é uma chuva para-sempre aos olhos sedentos dos trabalhadores do marimaginário. Marimaginal: Niemar. Brasília tem muitas pontes. Elas levam apenas, nunca trazem. Sob a ponte em risco, como se batesse na água, voltasse, batesse, fosse pedra, pulasse, batesse, atravessasse – o lago ouve cantos solares de sereias. As sereias são as luzes mais belas de Brasília: elas cantam, musas e mulheres, para que o sol seja.

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