sexta-feira, 26 de setembro de 2008

BRASÍLIAS INVISÍVEIS XIII

Ontem eu andava pela L2 distraído... Uma sombra me cobriu. Era um carcará. Surgiu do teatro nacional e sobrevoou admirado do que via as vias de Brasília. Era um carcará esbelto, leve, voraz, mas de uma voracidade simples e nada planejada. Eu percebi que nos olhos do carcará havia algo de admiração e de estranhamento. Sentia que tudo era muito de depois. Ele, na sua ancianidade, planava. Eu parei de andar. Corria atrás do carcará. Ele não me via. Ele via apenas vias e ouvia vozes apontando para o céu. As pessoas, de repente, apareceram. Dos vazios brotavam pessoas, dos carros desciam pessoas, das passarelas submersas pessoas submersas e submetidas emergiam. O carcará pousou na pirâmide. Crianças aproximaram e voaram vendo das asas do carcará: as asas, o lago, o mar incrustado de conchas, colchas de retalhos e detalhes que as asas do carcará apontavam. Eu não voei, deitei no magma e fiquei contando voltas, risos, botões das camisas, meninas asas...

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