terça-feira, 23 de setembro de 2008
BRASÍLIAS INVISÍVEIS X
Brasília metade arrancada de mim. Nascemos no mesmo sertão: no mundo dos contadores de histórias... filhos de outros; advindos os pais. Pais desterrados, no caminho, não mataram seus pais. Seus pais vieram depois. Ninguém arrancou os olhos. Os filhos nasceram depois. A maldição: a esfinge nunca contou. A esfinge amamentou os gêmeos que fundaram esta cidade: Paulo e Otávio. A cegueira é apenas o título de um livro, o título de um filme talvez, a tinta de Goya, o canto dos índios Gwayazes. A cegueira é dom de Borromeu – aquele que revela tudo que deve de ser esquecido. A antiga capital: velha. A nova capital: pedra-fundamental. A moderna capital, filha da capital déco, neta da velha capital barroca. Brasília para-sempremente moderna. Mesmo velha, escavada, museu de tempo, Brasília moderna. Brasília eterna? E vieram as caravelas barrocas, com suas velas décos e seus ventos modernistamente odisséicos. Brasília é só para onde se vai.
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