quarta-feira, 24 de setembro de 2008

BRASÍLIAS INVISÍVEIS XI

Equinócio em Brasília. A saída e a entrada do labirinto situadas no mesmo ponto. O Minotauro, perdido em confabulações procura uma saída, um eixo, uma via lateral... Às vezes ele se deixa levar pelos cantos dos pássaros, pelas placas proibindo carroças, pelas vias arteriais com seus pardais de olhos atentos. Brasília é uma cidade que fotografa seus carros. Mas o Minotauro se deixa levar pelos ladrilhos, pelas imagens e códigos que eles escondem e revelam. As paredes se multiplicam em retas e sagram geometricamente os passos do homem, os chifres do boi. Cartazes e embaixadas anunciam anseios, desejos, invenções: ץ۞٣ ξψ. Os livros indicam direções. Fechados, seguem para o norte. Abertos, quando as portas abertas, seguem para o sul. As asas não permitem a fuga do labirinto. O sol dentro do labirinto. Espelhos solares multiplicam as paredes, multiplicam os azulejos e as pombas dos azulejos voam de encontro aos espelhos admirando os anseio de fuga, o desespero do Minotauro, as linhas exatas que reinventam o labirinto. Brasília tinha um plano para as saídas: ventos e luzes, desejos e medos. O Minotauro deseja, medra, deita e sonha o Labirinto Perfeito: um eixo sagrado e monumental.

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