segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BRASÍLIAMAR VI (A João Gabriel Teixera)

Há um desejo no divã, sádico, possível, pulsão de morte que irrompe no anseio de imaginar o desejado. Falo. Falo. Reconhecer a capital do reino e imaginá-la uma outra coisa seria apontar para o desejo de salvaguarda. Através do túnel central maquetes, museus arquitetônicos, câmeras na mão entelam o atlas interior de cada ser. Na visão, anterior ao sonho, o devaneio é antecedido pelo símbolo: uma quadra condiciona a outra, uma via nunca está solitária porque sabe que a sua reta, que nunca se cruza com outra, está lá, exatamente onde foi riscada. Uma menina condiciona o menino pedro de olhos pretos, uma pequena nuvem, mas muito pequena mesmo, condiciona a andorinha. Andorinha pequena do meu viver cai aqui na minha mão – cai cai andorinha andorinha luz menina luz balão. Brasília é assim: deito pra falar dela e falo de mim.

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