segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BRASÍLIAMAR XIII

O reflexo, silencioso, mas cúmplice, força Brasília, caverna contraditória, a olhar nos olhos de si mesma. Ao homem resta refletir sobre esse mundo em seus olhos, ou contemplar fascinado a própria ausência. Brasília inveja os homens simplesmente porque eles têm olhos. Esses olhos que vêem, refletem e procuram o justo no visível, no que é aparente, apesar da obscuridade, ou no que se multiplica, apesar da transparência. As retinas, com sua luz ilimitada, refletem a grande iluminação do mundo e de seus seres iluminados que interpretam a capital. Todo pecado é capital? Digo nada e disfarço. A vida consiste em duas asas. Dois lados, divididos por pálpebras ou simplesmente por uma folha: de papel, de seda, de clorofila. A cidade iluminada pelo sol do velho céu faz sua fotossíntese todas as manhãs e admira-se nua nos olhos de cada ser.

Nenhum comentário: