segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BRASÍLIAMAR XI

A delicadeza da vida frente à morte é semelhante à delicadeza das ninfas ao banho. Aqui, nesta cidade, há prédios que tem fontes. Cada fonte tem a sua musa e cada musa entoa uma canção de memória. A felicidade é a água. Ela é também um parque-de-diversões que flui aos olhos de uma criança. Mas resta sempre o desejo (coraçãomente) de apontar verticalmente para os detalhes que delineiam a vida. Daí existe a possibilidade de ir para a cidade transparente, ou ao fundo do poço. Às vezes o lago é um precipício, outras vezes ele é um semar senfim. Nado no lago à noite e ele me puxa pra dentro da noite veloz. Nadar no lago é nadar na terra com todos os corpos flutuando sobre mim. Brasília está contida no lago, sua verdadeira arquitetura reside nos escombros do fundo do mundo: oceânica, titânica, atlândida, ela um dia será descoberta pelas naus. E muita gente vai contar essa história pelos campos pelas ruas pelas flores construções.

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